sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Dois mil e onze.

* Feliz ano novo
* Feliz mês novo
* Feliz semana nova
* Feliz dia novo
* Feliz hora nova
* Feliz minuto novo
* Feliz segundo novo

Porque a todo instante a vida se renova,
e a felicidade não pode esperar outro ano nascer para acontecer.
Então Feliz-o-que-quer-que-seja pra você.
Finais de ano não me são agradáveis.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

"Até que a morte os separe"

O último retoque na maquiagem e pronto... ou quase. Resolveu escurecer um pouco mais a sombra, que realçava seus lindos olhos verdes. Agora, sim! Estava impecável para uma noite tão especial.
Desde que começara a namorar Tiago, sonhava com este dia: o dia em que ele a pediria em casamento. Agora, chegado o momento, já pensava mais além: no enxoval, nos filhos que teriam juntos e em como seria feliz envelhecer ao lado do homem amado.
Priscila e Tiago namoravam há quase dois anos. No começo, tiveram problemas com a infidelidade dele, mas tudo já estava resolvido e, principalmente, esquecido. Ninguém mais falava nesse assunto, e deveria ser assim mesmo: fatos ruins não têm de ser lembrados.
Ela olhou o relógio ansiosa: sete horas - o horário combinado. Fitou a porta de entrada da casa e imaginou que, em alguns instantes, passaria por ali o seu futuro marido, o homem a quem juraria amor eterno no altar. Sentia um "frio na barriga" sempre que pensava assim.
Ligou a televisão para o tempo passar mais depressa, porém deixou-a em qualquer canal, sem dar muita atenção à programação que passava. Não conseguia esconder o nervosismo. Olhou, novamente, o relógio pendurado na parede: sete horas e quinze minutos. Tudo bem, Tiago nunca havia sido pontual mesmo.
Cada movimento que o ponteiro dos minutos fazia aumentava a ansiedade de Priscila. Agora já eram quase oito horas. Ela não resistiu: ligou para a casa do namorado. Um toque... dois toques... ninguém atendeu. Ligou para o celular dele... caixa postal. Será que, depois de tantos momentos, sonhos e planos compartilhados, ele resolvera desistir de casar-se com ela? Mil pensamentos rondavam a cabeça de Priscila, e a ansiedade transformou-se em raiva. O relógio marcou oito e meia. Como ele pôde fazer isso? Por certo, estava, agora, feliz, zombando de Priscila em algum barzinho com os amigos. Aquele cretino! Definitivamente, os homens são todos iguais! Até parece que existe algo genético que os torna insensíveis e infiéis. Tiago, então! Era um desalmado! Ela sempre teve medo de que ele a traísse outra vez. Ah, mas dessa vez não tinha perdão! Ele ia conhecer uma Priscila que, em dois anos, nunca havia visto. Ela estava uma fera.
Dez horas da noite. Com a maquiagem borrada pelas lágrimas, Priscila foi dormir, desejando nunca mais ver Tiago.

* * * * *

Sete horas e cinco minutos. Em uma moto, um rapaz distraído, talvez pensando em algo especial que aconteceria logo mais, não vê o semáforo ficar vermelho e passa direto por ele. Um carro que vem na rua perpendicular tenta frear a tempo de não se chocar contra a moto. Buzinadas, pneus deslizando, vidros quebrando, tudo acontece muito rápido. Pessoas aglomeram-se ao redor do acidente. No meio, o corpo de um rapaz estendido no chão: Tiago está morto.

Em 16/05/07

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Dôra, Doralina.

“Bem como dizia o Comandante, doer, dói sempre. Só não dói depois de morto, porque a vida toda é um doer.

O ruim é quando fica dormente. E também não há dor que não se acalme – e as mais das vezes se apaga. Aquilo que te mata hoje amanhã estará esquecido, e eu não sei se isso está certo ou errado, porque acho que o certo era lembrar. Então o bom, o feliz se apagar como o ruim me parece injusto, porque o bom sempre acontece menos e o mau dez vezes mais. O verdadeiro seria que desbotasse o mau e o bom ficasse nas suas cores vivas, chamando alegria.

Pensei que ia contar com raiva no reviver das coisas, mas errei. Dor se gasta. E raiva também, e até ódio. Aliás também se gasta a alegria, eu já não disse?

Embora a gente se renove como todo mundo, tudo no mundo não se repete jamais – pode parecer que é o mesmo mas são tudo outros, as folhas das plantas, os passarinhos, os peixes, as moscas.

Nada volta mais, nem sequer as ondas do mar voltam; a água é outra em cada onda, a água da maré alta se embebe na areia onde se filtra, e a outra onda que vem é água nova, caída das nuvens da chuva. E as folhas do ano passado amarelaram, se esfarinharam, viraram terra, e estas folhas de hoje também são novas, feitas de uma seiva nova, chupada do chão molhado por chuvas novas. E os passarinhos são outros também, filhos e netos daqueles que faziam ninho e cantavam no ano passado, e assim também os peixes, e os ratos da dispensa, e os pintos... tudo. Sem falar nas moscas, grilos e mosquitos. Tudo.”

(Rachel de Queiroz)

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Heart X Head

Não é que eu seja complicada, é apenas que, às vezes - não mais que às vezes - eu não sei o que eu quero. Ou talvez até saiba, mas meu coração e minha cabeça têm um relacionamento tão conflitante...! E, se eu decidir que vou seguir minha racionalidade, meu lado sentimental fica abalado (e, pra descontar minha escolha errada, me faz sofrer um bocado). Já se eu decido seguir meu coração, certamente, no final, vai dar tudo errado, então minha cabeça fica martelando coisas do tipo "Está vendo? Desde o ínicio eu avisei que isso não era o melhor pra você!" (e meu coração, só pra não perder o costume, me faz sofrer outro bocado). Aí eu vivo nesse conflito interno e, sábia ou burramente, em grande parte das vezes, acabo obedecendo o órgão mais sem sentido do meu corpo. É como diria Renato Russo: "E quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?". Por enquato, minha opinião é que eu não discordo nem concordo, muito pelo contrário. Mas, como eu já disse: não é que eu seja complicada...